sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Eram os nossos sonhos da infancia

Muitos eram os sonhos da nossa infância...


Ela fazia parte do esquecimento da nossa exasperação, após "o sacrifício" das aulas dadas nas antigas escolas primárias (hoje vendidas a preço de saldo), principalmente quando as nossas mãos estavam mais rígidas e avermelhadas, resultado das "reguadas", modulado aos melhores princípios salazaristas que exigiam o silencio como principio absoluto, mas que como jovens irrequietos decidíamos diariamente não cumprir.

Assim era a nossa vivência numa sociedade anómala intrincada e enredada no seu totalitarismo. Éramos bonecos de trapos desenraizados do tempo, mas que por isso mesmo procurávamos com a frequência possível, dependendo dos tostões que as nossas calças de ganga rotas permitiam ter nos bolsos, furar a cartela da máquina de Regina, esperando a saída de uma bola colorida que nos apontava o sabor de um determinado chocolate que para nós nem sempre era o melhor, pois os melhores prémios ficavam lá (dezenas de anos após continua a sociedade a considerar que nada é o melhor que se consegue!).

Muitos furos se faziam; trazíamos em chocolate o peso que se perdia em moedas, mas era essa a nossa felicidade,

A "caixa de furos" fazia parte da nossa vida, do nosso sucesso ou insucesso para um futuro que não sabíamos na altura que já éramos principiantes de um mundo desconhecido, desconexo, ambíguo e exigente no âmbito amoral.

A Regina existiu e existe.

Tirei esta foto na montra de uma loja em Amarante. 


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