segunda-feira, 23 de maio de 2011

O preço da electricidade e os nossos ancestrais

 Segundo o diário económico de 4 de Maio de 2011 o aumento do preço da electricidade é dado adquirido com um agravamento de 3,8%, que poderá aumentar ainda mais a partir de Janeiro de 2012, com a subida entre 13% a 23%, dependendo da taxa do IVA em que será inserida.

Numa altura de crise em que as nossas carteiras começam a ficar demasiado leves, leva-me a reviver na prática a história dos ancestrais mais recentes da nossa árvore genealógica, nomeadamente os nossos avós ou bisavós. Nessa época, porque não havia audiovisuais, na escuridão da noite, com ou sem lua cheia, tudo era discutido, falado, lido (das poucas actividades culturais) à luz dos candeeiros de petróleo ou das velas e muito mais raramente com geradores que excepcionalmente os mesmos acendiam sempre a pensar na poupança das suas parcas economias.

São tempos antigos que perduram na nossa memória como antecedentes históricos de uma realidade não muito longínqua que existiu no nosso Portugal, mas que desejávamos que não voltassem. No entanto os aumentos que atrás referi, levam-nos a meditar se aspectos dessa vida não poderão e deverão ser recuperados, através de um sacrifício que seja tentar abolir progressivamente da nossa memória os candeeiros, as lâmpadas, as luzes, mesmo as de poupança, a televisão, a internet, os jogos, no fundo tudo o que gaste energia, começando a viver à margem do que vai acontecendo no mundo e mesmo no nosso país (será a altura ideal de recuperar os antigos aparelhos de rádio que funcionem a pilhas).

Eu já assim comecei: Quase não tenho lido, nem escrito. A minha pilha de livros que está "por ler" aumenta consideravelmente e ainda bem que tenho estantes suficientes para os guardar, deixá-los encher de pó, envelhecer o papel, terem o odor da velhice, temendo no entanto que as futuras gerações poderão não vir a ter as condições adequadas de luminosidade para lerem, já que tudo se conjuga para que essa escuridão ainda seja perdulária no tempo, a não ser que voltemos a ter trocas comerciais de objecto por objecto, coisa por coisa, fim por fim.

E porque não um apagão que apague as luzes das cidades, ficando tudo em escuridão deixando-nos no entanto um interruptor que em qualquer altura possa ser accionado, possibilitando a esperança de que a luz possa a qualquer momento ser de novo manuseada e aparecer. Isto é esperança, porque há quem continue a pensar que ela “é a ultima a morrer”…

Não adianta no entanto apertar o botão do interruptor se o escuro continuar a ser escuro no futuro. A cidade pode continuar a ficar sombria mesmo que se esteja em altura de lua cheia. Aí há que pensar, ponderar e apostar em manter uma vela sobre a mesa e dessa maneira jogar às cartas ou conversar. A luz da vela pese a sua própria intimidade e aproximação que faz das pessoas, pode ser sinal da falta de resolução do nosso futuro e das gerações que aí virão: Aí não chegará a época dos nossos recentes antepassados: Iremos então muito mais além no tempo!...
 
<><><><> <><><><>