sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Reflexões de Médico - O Virus Zika


A infeção Zika aparece após uma picada do mosquito “Aedes aegypti”, que também transmite o Dengue e a Febre-amarela originando sintomas e sinais clínicos, em regra ligeiros, como febre, erupção cutânea, dores nas articulações, conjuntivite, dores nos olhos dores de cabeça e musculares e sintomas abdominais.

No entanto a grande preocupação são os efeitos secundários, nomeadamente alterações no feto durante a gravidez em particular a microcefalia, que é a mais preocupante neste momento., já que essas alterações cerebrais, poderão ser relacionadas no futuro com debilidade mental.

Não existe atualmente nem tratamento nem prevenção, podendo ser necessário anos até ao desenvolvimento de uma vacina eficaz.

Prevê-se a sua disseminação e expansão pelos vários continentes, tornando-se um problema na escala mundial, pelo que a Organização Mundial de Saúde, mais célere que relativamente a outras epidemias, principalmente os atrasos relativamente ao vírus Ébola, vai reunir brevemente, para tentar decidir dar uma resposta global a essa rápida disseminação do vírus, quando se sabe que é uma ameaça de proporções alarmantes estimando-se que possam ser infetados este ano entre três milhões a quatro milhões de pessoas.

Da América já apareceram casos na Europa e em Portugal, começando a haver pânico que quando instalado passará a ser mais um fator a levar à necessidade d alguma reorganização dos nossos Hospitais, que cada vez mais deverão integrar obrigatoriamente planos de resposta imediata a determinado tipo de aparecimento de novas doenças como esta, no sentido de manter na população a confiança que a mesma procura e merece.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Reflexões de Médico - Se Errar é Humano

Foto João Gabriel de UCIP

Se errar é humano o que verdadeiramente distingue um médico bondoso, é que este procura de imediato a solução através de um fio condutor para fazer o bem, sem que possa levar à possibilidade de prevaricação, tentando contrariar aquilo que é a força da lei de Murphy quando a mesma afirma que “Se algo errado pode acontecer, seguramente acontecerá”.

O erro em medicina tão divulgado, muitas vezes com a pretensão do dizer mal, atingir uma classe ou da vingança em ré menor, não atentando ao porquê das coisas, acontece na realidade.

Mas hoje cada vez mais a exigência da precisão, quando baseada no esforço sobre o conhecimento científico e através da perseverança, da prática e da tenacidade, tal como nas lições de desempenho dos grandes atletas, que têm os recursos necessários ao seu dispor, também os médicos tentam com os seus meios ultrapassar as fragilidades que cada corpo e organismo apresentam na sua tão grande diferenciação de cada um.

Mas existem sem dúvida vidas em risco;

Em boa-fé, as decisões e omissões são também de natureza moral, já que a ciência, por mais avantajada que seja, tem as suas fragilidades, podendo levar a passos incertos, pese o conhecimento que possa haver, que simultaneamente pode ser vasto, mas incompleto em termos práticos, por mais céleres e firmes que queiramos ser, a partir de uma equipa que com enfermeiros, técnicos e outros pode-se quantificar em determinados casos por dezenas de profissionais.

Ninguém, com certeza, atenta no erro, tentando, por outro lado, a realização do trabalho da forma mais humana possível, com carinho, afeição e preocupação pese a complexidade do exercício da medicina que torna as coisas tão interessantes, mas ao mesmo tão perturbadoras.


Mas o fazer bem, numa profissão que se quer ser profundamente humana, mas que não é matemática, significa por isso que possam haver falhas; mas que as mesmas devam ser contempladas, não como uma fuga à realidade mas com a sincera transmissão da realidade, comunicando a quem de direito, com a atenção com o doente ou familiares que lhes é devida, sem qualquer crença desnecessária e por isso dispensável, a partir da simples realidade de um facto, que por si mesmo deverá fazer a diferença entre ser apenas um médico ou ser um médico bom.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Os Meus Rascunhos - Os Curandeiros de Automóveis


Estacionámos o carro em segunda fila, ficando eu no lugar de pendura a guardar o mesmo, nomeadamente pela possibilidade de ter de justificar algo a uma eventual equipa policial que na altura aparecesse a pedir justificações da formal ilegalidade.

Era uma situação de urgência e por isso assim decidimos;

À minha frente, apercebo-me de um carro de matricula portuguesa, de coloração antiga esbranquiçada, significando ser um carro ainda anterior a este século. Observando com mais evidência, verifico a existência de uma garagem, transformada em oficina, dimensionalmente pequena, mas funcionando para alinhos e arranjos de problemas menores de avarias dos automóveis.

E fiquei concentrado, à espera do que iria acontecer;

Um problema nas escovas dos limpa para-brisas; observei o que se iria passar, e apercebi-me do mau funcionamento das mesmas; aparece uma pessoa do seu interior: Dono? Empregado? O mesmo tenta percepcionar se o problema será um dano ou o desgaste da mesma e até que ponto a força da crise associado à necessidade das pessoas pouparem dinheiro o faria seguir na decisão de arranjar ou trocar, ou inventar, protótipo da inovação dos portugueses que posteriormente acabam por desinvestir, vendendo o que há de bom ao estrangeiro, vejam-se tantos exemplos por aí disseminados…

Continuei atento;

Um verão, o outono primaveril e de repente a chuva; o estado da borracha das escovas dos limpa para-brisas, ainda por cima subsequente à exposição após um fervoroso verão.

A facilidade de tirar os mesmos com se de um puzzle se tratasse sem máquinas electrónicas de ultima geração, a que ficámos habituados a verificar nas oficinas correspondentes às marcas de automóveis.

O meu tempo de ilegal estacionamento estava a esgotar-se, porque sabemos a nossa paciência ou impaciência de olharmos para todos os lados numa situação que é ilegítima, de estacionamento por mais legal que consideremos poder estar…

Se o problema seria o da elasticidade da borracha, ou da perda da propriedade da borracha ou da necessidade ou não de mudar as mesmas, só esse “Curandeiro de Automóveis” poderá dar a sua última palavra, que como benzedeiro tentamos acreditar.

Ou seja, na sua diversidade espiritual,


Piscando de lado o olho ao conhecimento científico, que mais de electrónico
 tenha, pode nada valer, pelo seu dimensionamento, pese a não instrução, quando comparado com o conhecimento e sapiência “indígena” de quem consegue resolver pequenos “grandes” problemas, na gíria popular dar fé, mesmo que à posteriori a festa saia demasiado cara!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

"Aos médicos só falta serem dados aos leões" por luis Osório Semanário Sol em 11/01/2106

Aos médicos só falta serem dados aos leões

"Em tempo de campanha eleitoral para a Presidência da República (a mais triste de que tenho memória), o país atravessa uma crise de que dificilmente se recomporá. Não por causa do endividamento, do défice, das desavenças parlamentares ou da desagregação do sistema financeiro – mal ou bem, existe a esperança de que se encontrem soluções políticas e económicas globais para problemas que são de todos.
O problema é de identidade. De necessidade permanente de ajustar contas, de procurar culpados, de transformar a vida (e as notícias sobre ela) num guião de novela com picos de interesse que não desmobilizem a atenção das pessoas.
Uma parte importante dos portugueses quer estar entretida com os protagonistas da vida (por vezes da sua própria vida), como está entretida com as figuras das séries que consome. Tudo é volátil, hoje temos um assunto que nos interessa, amanhã outro e por aí adiante.
Ver a comunicação social oferecer o palco dos debates presidenciais a figuras de circo é a prova de uma ausência de problematização. Deixou de ser decisivo definir fronteiras editoriais, assumiu-se que apenas interessa alimentar o apetite das pessoas pela novidade, pelo escândalo, pela sede de novas sensações.
Seria possível fazer de uma outra maneira? Não estou certo. É apetecível ver Jorge Sequeira ou Tino de Rans debater com Marcelo Rebelo de Sousa, vai ao encontro da grande força das televisões provar que todos podemos dar opinião, que todos contamos, que as televisões são o lugar onde todos são realmente iguais – uma igualdade um bocadinho esquizofrénica. 
Nenhum diretor de Informação acredita nisso. Pensam, como eu teria de pensar se dirigisse uma estação de televisão, em audiências.
Para vários, não para todos, o jornalismo não salva o mundo, é apenas a sua caixa de ressonância (tese que terá de ser combatida sob pena de o jornalismo morrer e, com ele, a democracia tal como a reconhecemos).
Nesse sentido, o ataque aos médicos é particularmente indecoroso. Não por ser desculpável o que aconteceu no Hospital de São José, mas pelo clima de persecução, pela forma como a classe médica tem sido castigada por políticos, comentadores e opinião pública. Dizem da sua justiça sem saber nada sobre organização hospitalar, apontam o dedo, fazem julgamentos de valor e de caráter.
Nem por acaso, estive infelizmente na passada semana no Hospital da Estefânia. Era fim-de-semana, na sala de espera encontravam-se dezenas de pessoas apertadas umas nas outras, ambiente muito pesado, crianças a chorar em permanência.
Fui atendido num cubículo por um médico que não dormia há mais de 24 horas, as paredes estavam esburacadas e por pintar, o gabinete separava-se de outro gabinete por uma cortina. A pessoa que tinha à frente, que ganha quatro euros à hora nas suas horas extraordinárias, médico que teve de se licenciar com uma média de 19 valores e depois fazer a especialidade durante mais cinco anos, se desse um berro e tratasse mal alguém que o tivesse tratado mal naquelas horas, é bem provável que fosse agredido e denunciado a um canal de televisão por tratar mal os doentes.
Há médicos que são uns pulhas. Como há professores que deviam ser expulsos do ensino. Porém, o Estado Social (alicerce de uma democracia avançada) morrerá se tudo para nós passar a ser pão e circo.
O que nos restará então? Eleger um dos palhaços a concurso e cada um se fazer à vida. Sem médicos, professores e juízes que poderiam (finalmente) ser atirados aos leões famintos, num espectáculo que bateria todos os recordes de audiência deste mundo e do outro".


sábado, 9 de janeiro de 2016

Novas Tabelas de IRS: "Uns são Filhos outros são Enteados"


Com base nas novas tabelas do IRS, Tiago Caiado Rebelo, Fiscalista, discordando das mesmas, deu uma entrevista à RTP 1 no programa Bom Dia Portugal do dia 8 de Janeiro, que terá passado despercebida, até porque não foi lançado em vídeo.  

Por esse motivo decidi pela sua divulgação escrita desta entrevista:

""Jornalista (J): Foram aprovadas as novas tabelas do IRS, que têm já em conta a redução da taxa, que cai de forma gradual...Vamos olhar então para esta nova tabela de retenção do IRS com a ajuda do Fiscalista Tiago Caiado Rebelo (TCR): 

Tiago, esta tabela é justa?

TCR: A tabela não é justa; sou totalmente a favor da descida de impostos, seja o IRS que acho que é terrível porque penaliza as pessoas que trabalham e produzem riqueza, que é uma coisa que é pouco dita: Quem trabalha e se esforça por criar riqueza é penalizado porque o estado tira uma grande parte daquilo que ele devia receber. Por isso se acho esta descida positiva, o que eu penso é que é absolutamente desigual até porque quando fala de equidade põe a equidade totalmente de lado.

Nós em Portugal temos o IRS mais profundo da Europa, isto é, a partir de determinado nível de rendimento não vale a pena pura e simplesmente trabalhar pelo que há muita gente que deixa de trabalhar porque pura e simplesmente entrega o rendimento ao estado; mais vale ir passear à tarde ou estar com os filhos.

Isto agrava isso e porquê? Porque a partir basicamente dos 40.000 Euros em que só se desce 0,5% não há desagravamento real, ou seja, estamos a fazer uma coisa que este governo já fez várias vezes, isto é existem portugueses de primeira e portugueses de segunda!!!

Questão da jornalista: Mas isto, não é uma questão de tirar mais a quem ganha mais, para tentar compensar ou equilibrar quem ganha menos?

Mas isso já eles fazem. Temos uma progressividade que chega a mais de 60% do rendimento, isto é, em cada 100 Euros a pessoa já só recebe 30 e tal Euros e não recebe 30 e tal por causa de outras "alcavalas". Por isso, a partir de certo ponto não vale a pena trabalhar. É um fenómeno que estamos a ter. Vejo isso com muita gente que conheço, pessoas que até tinham mais que um emprego e trabalhavam em vários sítios davam aulas aqui faziam aquilo, davam aulas à noite e deixaram de fazer essas coisas empobrecendo o país, porque não vale a pena trabalhar mais.

A questão aqui é o do refugo: Há os cidadãos a quem se repõe os salários acrescidos de subsídios e há os outros que pagam tudo isso, é o que acontece e tudo isso é injusto.  Há um conceito de igualdade que devia ser aplicado, mas que não é. Também por trás disto parece haver uma estratégia política e muito orientada para os votos. Então se utilizamos o sistema fiscal com objectivos de votos que é "um bocadinho o que se passa" então estamos a deturpar totalmente. Depois não estranhemos o país não se desenvolver, não crescer, do deficit aumentar e mais outras coisas.

A percentagem de descida dos escalões tem os condicionalismos do deficit, por isso não me impressiona. Se descer, mesmo que pouco é sempre positivo e até acho que descem alguma coisa considerável. O que acho que é mal feito  é que pura e simplesmente uns são filhos e outros são enteados ou são refugo.

"Respondendo à pergunta da jornalista sobre o impacto da economia já que os portugueses ficando com mais dinheiro retido na fonte, se pode ajudar a dinamizar a mesma" afirmou:

Só pode ajudar a dinamizar se o estado fizer cortes na despesa do outro lado porque se fôr por via do deficit temos uma despesa pública enorme e se aumentar a dívida os custos da dívida vão aumentar e de repente até nos podem cortar e entrarmos num ciclo muito complicado em termos de financiamento internacional que nos pode levar a uma recessão do género do de 2011.

Ou isto é gerido com pezinhos de lã e com muito cuidado ou então pode ser problemático.

Dito isto: O estado está viciado em impostos; tem é que se cortar na despesa pública. Não vi proposta de nenhuns cortes de despesa pública. Elogio a diminuição de impostos. Agora onde é que vão cortar para poder fazer isto: Ou vão lançar a seguir, que é o que eu suspeito mais IMI + IVA + mais IRS noutras áreas para financiar tudo isto.""

(Sublinhado da minha responsabilidade)







quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Os Meus Rascunhos - A Metáfora da Flor Simbólica



Aquela Flor, tão exasperante quanto intensa e bela;

Lá se encontra inimaginável, algures num campo penetrante, fim imperceptível, por estar camuflado por uma áurea rosada e luzente, num panorama que mais parece uma fotografia mística e espiritual, mas que na realidade evidencia uma metáfora visual tendo em conta a neblina existente, névoa cerrada, em contradição a algumas nuvens bem escuras, que desenham o universo que bem perto se encontra da nossa pessoa.

A Flor ali permanece, com a sua esteticidade perfeita, tentando manter-se florida, pese estarmos em meados do outono quase invernal, com “coração” resistente ao desgaste da natureza em sua volta, que faz parte da criação do mundo, sendo por isso inesperada, pela sua força exasperante, ou atitude omnipotente por poder ser demolidora e destrutiva, podendo arrasar toda e qualquer ação realizada pelo homem, por mais benévolo que este tente ser.

Sendo a natureza ou não, sendo ela a mandar no mundo, perto ou longe do nosso coração, dependendo da bondade ou da maldade, essa flor conseguiu dizer não, tal como alguns seres humanos que ainda conseguem pelejar pelo mundo, vão conseguindo combater a crueldade, antónimo da bondade que poderia pacificar, reconciliar e harmonizar a favor do ser humano essa mesma natureza: Contra a guerra diária no emprego ou no campo de batalha, contra a fome no mais recôndito do planeta, na minimização do sofrimento do dia-a-dia, na reconsideração de uma melhor vida dentro desta vida como na preparação da continuação da vida que continua para além da morte.

As Guerras físicas e outras desgastantes,

Como sejam as batalhas psíquicas, que o homem tem de suportar, para não se dissipar, nem se deixar consumir, muito menos ficar destruído, com magnificência e grandeza, na sua simplicidade, humildade e singeleza, tentando demonstrar que sendo um ser humano assim deveria ser tratado como tal, seja na realização no Mundo Aberto e Privado, ou na concretização dos seus objetivos no Mundo Fechado e Estatal.

Sem se ser amordaçado no Cosmos Aberto nem no Universo Estatal.

Por isso a nossa felicidade de ainda acreditarmos quando vemos uma Flor Simbólica, que não sendo amordaçada pelo ambiente que a poderia engolir, consegue resistir a tudo e também a si mesma, numa reação de confronto salutar contra os ideais fantasmagóricos implementados numa sociedade, que tendencialmente tenta ultrapassar o que apenas deveria ser ilusório.