quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Introspecção

Existem dias assim, em que acordamos depois de uma noite mal dormida, com uma estranheza que não sabemos dar significado, porque os pensamentos sem a meditação ideal terão sido tantos, uns durante os sonhos, mas que não recordamos porque o nosso subconsciente assim o entende não nos fazer lembrar e outros que nos vão atormentando e molestando, infligindo-nos um martírio permanente, que releva a nossa pouca paciência para limiares elevados de impaciência e inquietação que nos desassossega ainda mais, nos irrita e nos enerva.

Aí não será de procurar a solidão, e sentir que ela possa tomar conta dos nossos actos?

Ser-se fugazmente solitário, pese o desvanecimento da alma que se abate sobre nós próprios, não deixa de ser uma companhia diferente, que não nos atormenta como o barulho das vozes agudas ou graves, das afrontas, dos impropérios das ignomínias, ou mesmo dos afectos, da dedicação ou da devoção de quem está presente à nossa volta e que considera ter o dom de nos dever dar, porque pode ser fácil pressentir o nosso estado de espírito, neste abraço do nosso corpo, connosco mesmo.

Podemos estar numa festa acompanhado de muita gente, pessoas boas que possamos gostar, mas isso não implica que em nossa volta nada mais vejamos senão o escuro do cantinho escondido no abrigo do nosso cérebro, ou as imagens distintas e diversas no nosso “eu”, confusão mental do cansaço a que estamos sujeitos nesta vida de problemas múltiplos, que vamos sendo confrontados durante as horas do dia em que nos mantemos acordados.

O mundo pode-nos rodear à sua maneira, e muitas vezes esse mesmo mundo “humano” pode não compreender ou não querer compreender que essa mesma solidão seja necessária para que posteriormente possamos ter a força, o vigor e a energia de o poder confrontar doutra forma, com satisfação e motivação do que nos rodeia, também com um sorriso real e não virtual, pleno de felicidade, de satisfação e de júbilo, que sem esses momentos de solidão poderemos não conseguir atingir, arriscando-nos, aí sim, numa tristeza mantida e insuperável, poder cair na depressão, no isolamento permanente, na dependência emocional e “in extremes” na vulnerabilidade corporal e imunitária.


Sendo a solidão necessária, há que haver a compreensão para que ela deva subsistir como uma companhia transitória, que da tristeza irá permitir que cada um de nós possa demonstrar ao mundo que com essa ajuda, seremos capazes de ultrapassar o desespero com a satisfação de podermos acreditar que afinal temos a nossa independência, quando o nosso pensamento se encontrar em equilíbrio com o nosso ego, elevando a nossa auto-estima ao prenúncio da felicidade final.


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