terça-feira, 12 de novembro de 2013

O sonho comanda a vida ou a vida limita o sonho?

Afirma António Gedeão na sua primorosa obra, Pedra Filosofal, que "o Sonho sendo aquela constante da vida tão concreta e definida, há quem não saiba que esse Sonho comanda a vida..."

Mas a Realidade tem limites, o Sonho não;

Sonhar é um bem que nos foi facultado; complicado é diferenciar o Sonho da Realidade. Shakespeare escreveu que somos feitos da mesma matéria de que são feitos os Sonhos, considerando o sonho como "uma bússola" que nos orienta através de um longo caminho que temos de percorrer ao longo da nossa vida, ou não fossemos descendentes de aventureiros e descobridores além-mar, como nos move nesse sentido a poesia de Luís de Camões.

Na vida real, porém, tudo acaba por ser menos poético...

Os próprios contornos entre o Sonho, o Acaso ou a Realidade poderão ser tão semelhantes ou distintos como “a tal pedra cinzenta…”, que é citada no mesmo poema: O Sonho não será na realidade a “estrada” que conduz ao conhecimento do nosso subconsciente? O Sonho não comanda a vida? Não nos faz acreditar num mundo melhor? Não nos dá ânimo possível para enfrentarmos diariamente os problemas que o mundo nos vai "inventando"?

Ter um Sonho pode na Realidade modificar a nossa vida!

O dilema são os nossos breves despertares, apresentando imagens algo desconexas, por vezes dúbias, com intenção ambígua, caminho para a imaginação descoordenada e desordenada; o Sonho pode então ser uma fuga da realidade, dando uma ilusória sensação de liberdade, a possibilidade aparente de idealização das coisas, objectos, visões ou sentimentos, uma forma de visionar e adquirir forças, para poder, no nosso imaginário, ser transformado em Realidade.

Stefan Klein, biofísico alemão considerado por António Damásio, como “o mais importante escritor sobre Neurociência na Alemanha” tentou provar através de inúmeras experiências que o Acaso não só faz parte da nossa vida, como determina a maioria das decisões, acontecimentos, identidade e consequentemente a maneira de estar no mundo (por mais cruel que este seja). Se assim é, deveremos então tirar o maior partido desse mesmo Acaso, estando o mais atento possível, passando a contar com ele como se o mesmo fosse algo de planeado.

O Sonho, o Acaso ou a Realidade?

Sonhar e por aí ficar, não saber aproveitar o Acaso para se perceber que se poderão atingir determinados objectivos na vida do dia-a-dia, é não ter a percepção correcta da Realidade, podendo levar a entendimentos paranóicos, que embora com atenção aos estímulos, estabelecerão vínculos erróneos na relação com o exterior. Por isso Jung acreditava que a simbologia dos Sonhos, podendo expressar um desejo interno de compreensão, apareciam para ser entendidos,  podendo ser adaptados à realidade.

MAS quem comanda a vida não são os Sonhos, somos Nós Próprios.

Entendê-los é importante, mas saber distingui-los dos objectivos da vida é um bem ainda mais útil,  porque nos obriga a saber conduzir com eficácia e sabedoria no caminho correcto, permitindo que olhemos para o nosso corpo físico e psíquico  como também o que nos envolve.

Por isso mesmo: o Sonho, o Acaso e a Realidade estando interligados, não são um meio mas sim um fim, que todos nós poderemos atingir se soubermos enfrentar positivamente a problemática da vida.

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