Afirma António Gedeão na sua primorosa obra,
Pedra Filosofal, que "o Sonho sendo aquela constante da vida tão concreta e
definida, há quem não saiba que esse Sonho comanda a vida..."
Mas a Realidade tem limites, o
Sonho não;
Sonhar é um bem que nos foi
facultado; complicado é diferenciar o Sonho da Realidade. Shakespeare escreveu
que somos feitos da mesma matéria de que são feitos os Sonhos, considerando o
sonho como "uma bússola" que nos orienta através de um longo caminho
que temos de percorrer ao longo da nossa vida, ou não fossemos descendentes de
aventureiros e descobridores além-mar, como nos move nesse sentido a poesia de
Luís de Camões.
Na vida real, porém, tudo acaba
por ser menos poético...
Os próprios contornos entre o
Sonho, o Acaso ou a Realidade poderão ser tão semelhantes ou distintos como “a
tal pedra cinzenta…”, que é citada no mesmo poema: O Sonho não será na
realidade a “estrada” que conduz ao conhecimento do nosso subconsciente? O
Sonho não comanda a vida? Não nos faz acreditar num mundo melhor? Não nos dá
ânimo possível para enfrentarmos diariamente os problemas que o mundo nos vai
"inventando"?
Ter um Sonho pode na Realidade
modificar a nossa vida!
O dilema são os nossos breves
despertares, apresentando imagens algo desconexas, por vezes dúbias, com
intenção ambígua, caminho para a imaginação descoordenada e desordenada; o
Sonho pode então ser uma fuga da realidade, dando uma ilusória sensação de
liberdade, a possibilidade aparente de idealização das coisas, objectos, visões
ou sentimentos, uma forma de visionar e adquirir forças, para poder, no nosso
imaginário, ser transformado em Realidade.
Stefan Klein, biofísico alemão
considerado por António Damásio, como “o mais importante escritor sobre Neurociência
na Alemanha” tentou provar através de inúmeras experiências que o Acaso não só
faz parte da nossa vida, como determina a maioria das decisões, acontecimentos,
identidade e consequentemente a maneira de estar no mundo (por mais cruel que
este seja). Se assim é, deveremos então tirar o maior partido desse mesmo
Acaso, estando o mais atento possível, passando a contar com ele como se o
mesmo fosse algo de planeado.
O Sonho, o Acaso ou a
Realidade?
Sonhar e por aí ficar, não
saber aproveitar o Acaso para se perceber que se poderão atingir determinados
objectivos na vida do dia-a-dia, é não ter a percepção correcta da Realidade,
podendo levar a entendimentos paranóicos, que embora com atenção aos estímulos,
estabelecerão vínculos erróneos na relação com o exterior. Por isso Jung
acreditava que a simbologia dos Sonhos, podendo expressar um desejo interno de
compreensão, apareciam para ser entendidos,
podendo ser adaptados à realidade.
MAS quem comanda a vida não são
os Sonhos, somos Nós Próprios.
Entendê-los é importante, mas
saber distingui-los dos objectivos da vida é um bem ainda mais útil, porque nos obriga a saber conduzir com
eficácia e sabedoria no caminho correcto, permitindo que olhemos para o nosso
corpo físico e psíquico como também o
que nos envolve.
Por isso mesmo: o Sonho, o
Acaso e a Realidade estando interligados, não são um meio mas sim um fim, que
todos nós poderemos atingir se soubermos enfrentar positivamente a problemática
da vida.
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