sábado, 21 de dezembro de 2013

Do Burro Mirandês à Sardinha do Algarve




O jornal norte-americano “The New York Times” destacou numa sua edição recente o Burro Mirandês, comentando que o Burro é um animal que está em extinção e que só sobrevive com subsídios europeus, construindo assim uma metáfora, relativamente à sua semelhança com os seres humanos, ao esclarecer que o destino dos mesmos se comparam com uma população em declínio, dependente da União Europeia para poderem sobreviver.

Somos sem dúvida um povo empobrecido por décadas de ingenuidade e credulidade provocados pela falta de sensibilidade da classe política à sua verdadeira razão de ser e existir, nomeadamente na necessidade de melhoria das condições económica e social do povo português, que por motivos sobejamente conhecidos nunca foram atingidos, muito menos contemplados.

De tal maneira a pseudo-inocência existe na política que nenhumas vozes se levantaram na defesa em nome da dignidade e do patriotismo: Não havia Submarinos à mistura para defendermos os nossos peixes, nem Freeports a ser construído em terreno agrícola para impedirmos o habitat dos pássaros, nem Túneis para deixarmos de ver a luz do dia, nem…  

O político português, como é regra nestas situações, preferiu ser ultrajado e caluniado, ficar taciturno, ser discreto e manter-se reservado, em defesa da pátria, pois não fosse ficarmos sem o dinheiro do arrendamento das Lajes, ou aparecer por aí uns pós poluentes e então mais Burros ficaríamos…

Mas somos um país virtuoso, que temos o mérito de respeitar os animais, sejam os Burros ou outros, mesmo a raça humana que não deixa de ser um animal, embora racional.

Por isso somos Nobres;

Recebemos o estrangeiro, incluindo o Povo Norte-Americano, com o nosso sorriso, oferendo-lhes as nossas praias com o seu sol resplandecente, colorido, agradável e cerimonioso, as ondas onde a uma temperatura mais agradável podem vir surfar, a gastronomia cuja qualidade e quantidade tem uma fama e um saber que percorre o mundo, paisagens magníficas, monumentos únicos e ímpares que contam a história do mundo, construídos milhares de anos antes da descoberta da América do Norte e os animais de Raça Portuguesa, como o Burro Mirandês, o Cão de Água, ou a Sardinha

Ainda bem que o Burro Mirandês é nosso; 

Tal como exportamos calçado, literatura, investigação, mas acima de tudo trabalho (vejam ou revejam o filme “Gaiola Dourada”), é altura de exportarmos o Burro Mirandês, aproveitando o grande interesse pelo mesmo dos Norte-Americanos, para que fotografia aparecida na primeira página do jornal possa perdurar pelos séculos seguintes ficando como um animal histórico por via dos poucos séculos de existência desse País.

Grande, simpático, dócil, companhia dos idosos durante a sua vida de ancião, obediente ao dono que respeita, passou a ser assim, sem o saber, um animal mediático por ter aparecido em capas de jornais e por vias disso começará de certeza a ser pretendido e cobiçado por outros povos distantes e remotos, tal como o foi o Cão de Água Português.

Esperemos que haja continuidade ao conhecimento e divulgação de muito mais que este país tem de cultura e faz parte da sua história passada, mas continua a ser regra no presente; se de conselhos existe necessidade, então que venham artigos e imagens sobre a Sardinha do Atlântico ou Algarvia, o Galo de Barcelos, ou em última análise sobre os coisos da Louça das Caldas, a cerâmica, a pintura, a filigrana, os azulejos, …

4 comentários:

  1. Belíssimo texto! Já agora daqui mando uma paulada para os nossos políticos que só querem é tacho e para os americanos direi que o mal dos portugueses é andarem sempre a servir-lhes de capacho!
    Um bom Natal!

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  2. Caro Jorge Gil

    Obrigado pelas suas belas palavras; fala-se da pátria, mas na hora da verdade os que são eleitos pelo povo, viram as costas, ignorando os problemas, ferindo assim a "honra" de todos nós.

    Um Feliz Natal.

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  3. Caro João Gabriel, a foto do burro não passa de ser efémera. Burros de quatro patas estão mesmo em extinção. Estão a ser substituídos pelos da governação, porque muito caros são melhores. Adiante, há anos da verdadeira aldeia (Ferrel - Peniche) para efetivarem uma corrida se burros, já tiveram de ir aluga-los a Espanha. Recordo agora que com os meus oito irmãos, herdamos um burra, que ainda vendemos bem. O pai tinha apregoado muito as potencialidades da burra. Só faltou ele a ter inscrito num partido para assim entrar na política, foi pena. A família enriqueceria muito.
    Não esquecer que,. em determinada época, até foi detetado um matadouro de burros clandestino, já se vê.
    Todo o resto são, mesmo os submarinos, são "peanuts".
    Felizes Festas Natalícias.

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  4. Obrigado caro Daniel Costa

    São várias as realidades, nomeadamente a correlação com a maioria dos políticos e o seu enriquecimento precoce, como também o desaproveitamento das potencialidades que este país poderia ter, mas que vai perdendo também por inoperância de quem manda.

    Umas boas entradas para o ano de 2014.

    Cumprimentos

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