quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A Maratona


Persistência e Firmeza podem ter como exemplo a MARATONA, corrida bela e interminável, que continuará muito para além da nossa morte.

Pode ser difícil perceber o porquê da vontade das pessoas correrem, sem preconceito de medalha, ou de vocação ou simplesmente por imaginarem uma eventual medalha para uma estante estática que nada lhes vai acrescentar em termos de satisfação.

Mas já a lenda dos 42,195 quilómetros, revivência da corrida de um jovem Ateniense para anunciar aos conterrâneos a vitória sobre os Persas, provoca no século atual, pejado de pessimismo, negativismo e desanimo, uma prova de resistência ao estorvo político, de esperança pelo futuro e da vontade de ultrapassar obstáculos e dificuldades, não alheias à complexidade que por mais estadista se seja, sente-se na vivência da dinâmica existente no nosso dia-a-dia.

Será por isso que as pessoas correm com o seu prazer desmesurado, colocando em prova uma resistência ímpar, uma esperança mundana e uma vontade invulgar, correndo para se sentirem vivos, revivendo a sua antítese, lançando a si próprios um desafio que muitas vezes ultrapassa a sua própria compreensibilidade.

A confiança própria;

Esquecendo o desgaste físico lançam a si próprios um próprio desafio: A descrição da sua experiência às gerações vindouras, transmitindo encorajamento, estímulo e uma confiança firme, que ultrapassa e abafa qualquer incerteza, abatimento interior, negativismo espiritual, transferindo esperança, confiança e segurança, sabendo que o próprio objetivo é cruzar a meta com ou sem fôlego, mas com a felicidade de se conseguir uma façanha talvez inexplicável para os mesmos, mas compreensível à luz da razão dos próprios sacrifícios.

Como se fosse uma levitação;

O entusiasmo do ego, a felicidade orgulhosa de suplantar o inultrapassável, a felicidade de vencer a sede atroz e de ultrapassar o calor inimaginável, a dor esquecida do desgaste físico, o suor a espairecer-se, o cansaço evaporado, a exaustão a ficar oculta relaxamento ultrapassa o orgulho que nessa altura deixa de ter importância, seja qual seja a sua intensidade

É ser-se conhecedor dos próprios limites, sabendo que o tempo cumpre o seu papel, da decadência física, mas que até lá possa ser em glória, na satisfação do gozo que dá correr, mas que não deixa de haver para os mesmos um sentimento de orgulho, numa máquina humana que sendo orgânica nessas alturas poderá ter de funcionar com se inorgânica fosse.

A energia positiva a ultrapassar a barreira do psiquismo dúbio.


4 comentários:

  1. Conhecendo o Dr João, sei que não é um corredor "fisico", embora seja sem duvida um "corredor de fundo" naquilo que são as susas ideologias e metodos de trabalho - para a frente é que é caminho!
    Para quem nunca correu, é capaz de colocar em palavras, muito daquele que é o sentimento de muitos nós partilhamos, quando falamos apaixonadamente sobre o correr uma maratona. Acima de tudo, é uma forma saudável de ultrapassar esse psiquismo dúbio, que hoje em dia encontra nos antidepressivos a panaceia global. Nós investimos antes no prazer de ultrapassar esses limites, e isso é sem dúvida, o melhor antidepressivo. Parabéns pelo texto!

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    1. Obrigado FMicaelo
      Tentei perceber, tentando descrever o porquê do sentimento e do esforço, não só físico mas também mental dos que correm com tão grande prazer enormes distâncias, aparentemente para além do limite humano. É espantoso como por vós se transforma o difícil numa "coisa" espiritual, que só a felicidade do vosso corpo físico e mental pode explicar.
      Abraço
      João Gabriel

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  2. Sempre o homem, duma maneira geral, sentiu vontade e desejo de tentar ir mais além. Daí que muitos tentem lutar consigo mesmos. São estes os verdadeiros homens, porque é a nós que devemos exigir e não a outrem.
    Desejos de Felizes Festas!...
    Abraço

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    1. Daniel Costa
      A sua sapiência não tem limites.
      Obrigado pela colaboração; sem dúvida são grande e verdadeiros homens os maratonistas nomeadamente os amadores, que lutam consigo próprios tentando ganhar a si mesmo; pode ser a euforia que leva ao equilíbrio de um determinado estado de espírito que só os mesmos conseguem sentir, um "orgasmo" sobrenatural inatingível pela maioria da população mundial.
      Abraço
      Boas festas

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