O “rating” é uma opinião sobre a capacidade de um país poder saldar os seus compromissos financeiros, sendo a avaliação feita por empresas especializadas, as agências (são três as de maior visibilidade) que emitem apreciações através de letras e sinais aritméticos que apontam para a capacidade dos países atenderem ou não os seus compromissos financeiros.
A escala no mínimo, significa alta probabilidade de não pagamento das dívidas dentro do prazo acordado e no topo total, capacidade de pagamento.
As mesmas têm sido no entanto ao longo dos últimos anos, acusadas de falharem na avaliação credível e independente de vários investimentos, como exemplos mais significativos: Islândia entrou em bancarrota quando tinha uma avaliação elevada; a crise financeira nos Estados Unidos começou precisamente quando as avaliações das empresas eram elevadas; nada disseram sobre o risco de insolvência do Dubai; actuação displicente na avaliação de solvabilidade de várias empresas, nomeadamente nos Estados Unidos da América, que acabaram por originar falência...
Afinal por onde ficamos? Onde impera a credibilidade dessas agências e/ou a sua independência? O que pretendem estas agências de rating? O que move estas estruturas? Alguém consegue compreender a realidade actual destas empresas que supostamente fazem a avaliação do risco das dívidas dos países, funcionando ilogicamente como mentores daquilo que poderá até mesmo desfazer um país?
Em resposta a estas questões, as agências alegam que as apreciações que dão são apenas opiniões que os mercados podem ou não aceitar.
Todos sabemos que cada vez mais o lucro não conhece barreiras intercontinentais; por isso quando uma agência desta importância se baseia em meras opiniões, palpites ou comentários de análise que são tratados como meros números, levantam a dúvida o seu objectivo final.
O exemplo de Portugal é significativo: Num determinado dia o rating desce porque Portugal vai pedir ajuda ao FMI, no outro desce porque Portugal ainda não pediu ajuda ao FMI. Permitam-me a indiscrição, mas tenho, como português, de questionar o que sabem ou percebem os técnicos que vivem em Nova Iorque ou noutra cidade americana, quando sentados numa qualquer cadeira em frente a um insignificante computador que “taser” números, sobre a nossa economia, as poupanças de custos, o investimento, mais, o nosso labor, ou o nosso valor em nos sacrificarmos por causa própria, a nossa capacidade em nos organizarmos para pagar aquilo que eventualmente devemos.
O que não sabem de certeza é que somos um povo aventureiro, repleto de força, animo e energia nomeadamente nos momentos difíceis e que tal como afirmou Camões, permitiu-nos avançar para a aventura por “esses mares nunca antes navegados”.
Em nome do lucro têm sido atingidos os países que as mesmas consideram o alvo mais fácil de atingir, seguindo-se posteriormente os que menos esperam (se calhar até a própria Alemanha, até porque Hitler, no passado, também falhou).
Existem cada vez mais censuras a nível mundial às agências de rating. As instituições europeias têm que acordar do seu sono profundo (já chega de facilitismo e adormecimento económico pessoal), porque se alguns lideres europeus começam em surdina a criticar as agências de rating, têm obrigação de elevar o tom de voz, gritar se for caso disso, para que seja ultrapassado a falta de vontade ou a capacidade para alterar definitivamente as regras e as estruturas do sistema financeiro internacional.
Hoje um dos responsáveis duma das agências afirmou “as autoridades portuguesas disseram que têm vários mecanismos através dos quais podem angariar dinheiro”…então, como ficamos?
Que definitivamente seja ultrapassada a incompetência de quem faz os cálculos por interesse próprio e assim, sim, que nada seja estranho.
Sem comentários:
Enviar um comentário