quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dona Branca, a troika e a tanga

Dona Branca foi a famosa “Banqueira do Povo” que causou um enorme escândalo financeiro nos anos 1980.

O empréstimo que concedia era rigorosamente estudado e concedido a juros elevados atingindo valores até metade do depósito, facilitado pelo facto de normalmente os clientes não procederem ao levantamento do dinheiro facultando assim a sustentação e o aumento desse valor.

Recentemente apareceu uma “nova Dona Branca” rotulada de troika, também denominado de “ajuda externa”, com empréstimo de dinheiro vivo, em tranches, mas com juros elevadíssimos e comissões exorbitantes que nos levarão num futuro próximo a adquirir tangas especiais, pouco elásticas ou rígidas, que por isso dificultarão em muito a nossa liberdade de movimento, pela dificuldade de serem ajustadas, o que logo deixará de garantir qualquer segurança e conforto.

Portugal vai pagar quase 35 mil milhões em juros e comissões à troika, Europa e Fundo Monetário Internacional, o que corresponde actualmente ao módico valor de 66% da riqueza criada em Portugal no ano de 2011.

A Europa actual (por onde andará Durão Barroso?) não apresenta avanços concretos por falta de ideias; as promessas são vagas, incoerentes, ilógicas e desconexas e as instituições comunitárias e nomeadamente o eixo Berlim-Paris não conseguem, nem nunca conseguirão (a especulação de mercados não deixará!) deter a cavalgada que cada vez mais acerrima e problematiza as dividas dos países europeus mais pobres e por isso mais frágeis.

Sem crescimento, com a recessão a generalizar-se pela Europa, nomeadamente nos nossos parceiros comerciais, Portugal arrisca-se a crescer ainda menos, prolongando a recessão e a estagnação, imobilizando ainda mais a nossa já parada economia, e claro, para “honrar”  o pagamento a tempo e horas das suas dívidas, serão pedidos novos e novos (e velhos) sacrifícios, nada mais que “roubos” efectuados sempre e sempre aos mesmos.

Portugal, sem soberania, no futuro vai tornar-se num poço que não terá fundo, por onde se perderá toda a nossa altivez, nobreza, decência e dignidade, num jogo onde os culpados cada vez mais estão impunes…Por onde anda Camões com os seus Lusíadas? 

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