segunda-feira, 21 de março de 2011

Deixar de tomar medicamentos é suicidio?

 
Tivemos há alguns anos internado na unidade de cuidados intensivos polivalente um doente que apesar de jovem sofria de problemas cardiacos graves, razão pela qual fazia medicação, entre os quais um fármaco para evitar a coagulação do sangue que poderia originar embolia nalguns orgãos do corpo humano e consequentemente a morte.

Eis senão que um dia deu entrada no Hospital com uma forte dor abdominal, cujo estudo clinico laboratorial e complementar evidenciou e comprovou existir uma embolia arterial no intestino, situação muito grave já que leva à destruição de grande parte do intestino irrigado por essa arteria.

Equacionado sobre os medicamentos que fazia em ambulatorio, referiu ter parado um determinado fármaco, que o médico lhe tinha dito ser fundamental tomar para evitar determinado tipo de problemas, entre os quais, precisamente aquilo que veio a acontecer.

Apesar de ter  receita para levantar na farmácia, decidiu não comprar esse e outros medicamentos segundo afirmou por falta de dinheiro, já que precisava do mesmo para se alimentar.

Tinha também como antecedentes pessoais hábitos alcoolicos e outros hábitos (toxicodependencia?).

Teve de ser operado de emergencia tendo sido retirado toda a extensão do intestino delgado; esteve ligado ao ventilador durante semanas, tendo no entanto sobrevivido.

Poder-se-à considerar uma forma de suicidio sustentado pelos actos, esquecimento da sua própria pessoa, um descuido pese as recomendações médicas, ou então dificuldades económicas que confirmam a impossibilidade de gastar dinheiro na compra dos medicamentos?

Prevejo, sem ser futurista,  que as questões levantadas possam vir a ser prejudicadas pela crise actual, já que os medicamentos são por norma caros, e a prevenção e profilaxia de doenças ou suas complicações acabam por passar para segundo plano, não evitando o aparecimento de doenças futuras que irão custar ao erário público milhares de milhões de euros, mais um adjuvante para agravar a crise de tão dificil controle.

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