Foto João Gabriel de UCIP |
Se errar é humano o que
verdadeiramente distingue um médico bondoso, é que este procura de imediato a
solução através de um fio condutor para fazer o bem, sem que possa levar à
possibilidade de prevaricação, tentando contrariar aquilo que é a força da lei
de Murphy quando a mesma afirma que “Se algo errado pode acontecer, seguramente
acontecerá”.
O erro
em medicina tão divulgado, muitas vezes com a pretensão do dizer mal,
atingir uma classe ou da vingança em ré menor, não atentando ao porquê das
coisas, acontece na realidade.
Mas hoje cada vez mais a exigência da
precisão, quando baseada no esforço sobre o conhecimento científico e através
da perseverança, da prática e da tenacidade, tal como nas lições de desempenho
dos grandes atletas, que têm os recursos necessários ao seu dispor, também os
médicos tentam com os seus meios ultrapassar as fragilidades que cada corpo e
organismo apresentam na sua tão grande diferenciação de cada um.
Mas existem sem dúvida vidas em
risco;
Em boa-fé, as decisões e omissões são
também de natureza moral, já que a ciência, por mais avantajada que seja, tem
as suas fragilidades, podendo levar a passos incertos, pese o conhecimento que
possa haver, que simultaneamente pode ser vasto, mas incompleto em termos
práticos, por mais céleres e firmes que queiramos ser, a partir de uma equipa
que com enfermeiros, técnicos e outros pode-se quantificar em determinados
casos por dezenas de profissionais.
Ninguém, com certeza, atenta no erro,
tentando, por outro lado, a realização do trabalho da forma mais humana
possível, com carinho, afeição e preocupação pese a complexidade do exercício
da medicina que torna as coisas tão interessantes, mas ao mesmo tão
perturbadoras.
Mas o fazer bem, numa profissão que
se quer ser profundamente humana, mas que não é matemática, significa por isso
que possam haver falhas; mas que as mesmas devam ser contempladas, não como uma
fuga à realidade mas com a sincera transmissão da realidade, comunicando a quem
de direito, com a atenção com o doente ou familiares que lhes é devida, sem qualquer
crença desnecessária e por isso dispensável, a partir da simples realidade de
um facto, que por si mesmo deverá fazer a diferença entre ser apenas um médico
ou ser um médico bom.
A medicina é um caso em que, a procurar o bem pode acabar por resultar mal. Também pode resultar o contrário de eu próprio sou paradigma. No ano 2000, depois de estrondoso AVC, a médica que me operou ao cerebelo, assinou um relatório, onde eu era dado que o melhor que me poderia acontecer seria ficar a vegetar. Em 2001 ela própria, própria pôde constatar ter errado, na última consulta que me fez. Eu ainda de canadiana, é certo, já tinha retomado a minha colaboração escrita, para a CRONICA FILATÉLICA, da Afinsa de Madrid.
ResponderEliminarFiquei com a sensação de ter sido salvo por uma "médica boa".
Abraço