sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Reflexões de Médico - Se Errar é Humano

Foto João Gabriel de UCIP

Se errar é humano o que verdadeiramente distingue um médico bondoso, é que este procura de imediato a solução através de um fio condutor para fazer o bem, sem que possa levar à possibilidade de prevaricação, tentando contrariar aquilo que é a força da lei de Murphy quando a mesma afirma que “Se algo errado pode acontecer, seguramente acontecerá”.

O erro em medicina tão divulgado, muitas vezes com a pretensão do dizer mal, atingir uma classe ou da vingança em ré menor, não atentando ao porquê das coisas, acontece na realidade.

Mas hoje cada vez mais a exigência da precisão, quando baseada no esforço sobre o conhecimento científico e através da perseverança, da prática e da tenacidade, tal como nas lições de desempenho dos grandes atletas, que têm os recursos necessários ao seu dispor, também os médicos tentam com os seus meios ultrapassar as fragilidades que cada corpo e organismo apresentam na sua tão grande diferenciação de cada um.

Mas existem sem dúvida vidas em risco;

Em boa-fé, as decisões e omissões são também de natureza moral, já que a ciência, por mais avantajada que seja, tem as suas fragilidades, podendo levar a passos incertos, pese o conhecimento que possa haver, que simultaneamente pode ser vasto, mas incompleto em termos práticos, por mais céleres e firmes que queiramos ser, a partir de uma equipa que com enfermeiros, técnicos e outros pode-se quantificar em determinados casos por dezenas de profissionais.

Ninguém, com certeza, atenta no erro, tentando, por outro lado, a realização do trabalho da forma mais humana possível, com carinho, afeição e preocupação pese a complexidade do exercício da medicina que torna as coisas tão interessantes, mas ao mesmo tão perturbadoras.


Mas o fazer bem, numa profissão que se quer ser profundamente humana, mas que não é matemática, significa por isso que possam haver falhas; mas que as mesmas devam ser contempladas, não como uma fuga à realidade mas com a sincera transmissão da realidade, comunicando a quem de direito, com a atenção com o doente ou familiares que lhes é devida, sem qualquer crença desnecessária e por isso dispensável, a partir da simples realidade de um facto, que por si mesmo deverá fazer a diferença entre ser apenas um médico ou ser um médico bom.


1 comentário:

  1. A medicina é um caso em que, a procurar o bem pode acabar por resultar mal. Também pode resultar o contrário de eu próprio sou paradigma. No ano 2000, depois de estrondoso AVC, a médica que me operou ao cerebelo, assinou um relatório, onde eu era dado que o melhor que me poderia acontecer seria ficar a vegetar. Em 2001 ela própria, própria pôde constatar ter errado, na última consulta que me fez. Eu ainda de canadiana, é certo, já tinha retomado a minha colaboração escrita, para a CRONICA FILATÉLICA, da Afinsa de Madrid.
    Fiquei com a sensação de ter sido salvo por uma "médica boa".
    Abraço

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