sábado, 9 de janeiro de 2016

Novas Tabelas de IRS: "Uns são Filhos outros são Enteados"


Com base nas novas tabelas do IRS, Tiago Caiado Rebelo, Fiscalista, discordando das mesmas, deu uma entrevista à RTP 1 no programa Bom Dia Portugal do dia 8 de Janeiro, que terá passado despercebida, até porque não foi lançado em vídeo.  

Por esse motivo decidi pela sua divulgação escrita desta entrevista:

""Jornalista (J): Foram aprovadas as novas tabelas do IRS, que têm já em conta a redução da taxa, que cai de forma gradual...Vamos olhar então para esta nova tabela de retenção do IRS com a ajuda do Fiscalista Tiago Caiado Rebelo (TCR): 

Tiago, esta tabela é justa?

TCR: A tabela não é justa; sou totalmente a favor da descida de impostos, seja o IRS que acho que é terrível porque penaliza as pessoas que trabalham e produzem riqueza, que é uma coisa que é pouco dita: Quem trabalha e se esforça por criar riqueza é penalizado porque o estado tira uma grande parte daquilo que ele devia receber. Por isso se acho esta descida positiva, o que eu penso é que é absolutamente desigual até porque quando fala de equidade põe a equidade totalmente de lado.

Nós em Portugal temos o IRS mais profundo da Europa, isto é, a partir de determinado nível de rendimento não vale a pena pura e simplesmente trabalhar pelo que há muita gente que deixa de trabalhar porque pura e simplesmente entrega o rendimento ao estado; mais vale ir passear à tarde ou estar com os filhos.

Isto agrava isso e porquê? Porque a partir basicamente dos 40.000 Euros em que só se desce 0,5% não há desagravamento real, ou seja, estamos a fazer uma coisa que este governo já fez várias vezes, isto é existem portugueses de primeira e portugueses de segunda!!!

Questão da jornalista: Mas isto, não é uma questão de tirar mais a quem ganha mais, para tentar compensar ou equilibrar quem ganha menos?

Mas isso já eles fazem. Temos uma progressividade que chega a mais de 60% do rendimento, isto é, em cada 100 Euros a pessoa já só recebe 30 e tal Euros e não recebe 30 e tal por causa de outras "alcavalas". Por isso, a partir de certo ponto não vale a pena trabalhar. É um fenómeno que estamos a ter. Vejo isso com muita gente que conheço, pessoas que até tinham mais que um emprego e trabalhavam em vários sítios davam aulas aqui faziam aquilo, davam aulas à noite e deixaram de fazer essas coisas empobrecendo o país, porque não vale a pena trabalhar mais.

A questão aqui é o do refugo: Há os cidadãos a quem se repõe os salários acrescidos de subsídios e há os outros que pagam tudo isso, é o que acontece e tudo isso é injusto.  Há um conceito de igualdade que devia ser aplicado, mas que não é. Também por trás disto parece haver uma estratégia política e muito orientada para os votos. Então se utilizamos o sistema fiscal com objectivos de votos que é "um bocadinho o que se passa" então estamos a deturpar totalmente. Depois não estranhemos o país não se desenvolver, não crescer, do deficit aumentar e mais outras coisas.

A percentagem de descida dos escalões tem os condicionalismos do deficit, por isso não me impressiona. Se descer, mesmo que pouco é sempre positivo e até acho que descem alguma coisa considerável. O que acho que é mal feito  é que pura e simplesmente uns são filhos e outros são enteados ou são refugo.

"Respondendo à pergunta da jornalista sobre o impacto da economia já que os portugueses ficando com mais dinheiro retido na fonte, se pode ajudar a dinamizar a mesma" afirmou:

Só pode ajudar a dinamizar se o estado fizer cortes na despesa do outro lado porque se fôr por via do deficit temos uma despesa pública enorme e se aumentar a dívida os custos da dívida vão aumentar e de repente até nos podem cortar e entrarmos num ciclo muito complicado em termos de financiamento internacional que nos pode levar a uma recessão do género do de 2011.

Ou isto é gerido com pezinhos de lã e com muito cuidado ou então pode ser problemático.

Dito isto: O estado está viciado em impostos; tem é que se cortar na despesa pública. Não vi proposta de nenhuns cortes de despesa pública. Elogio a diminuição de impostos. Agora onde é que vão cortar para poder fazer isto: Ou vão lançar a seguir, que é o que eu suspeito mais IMI + IVA + mais IRS noutras áreas para financiar tudo isto.""

(Sublinhado da minha responsabilidade)







Sem comentários:

Enviar um comentário