Num dia pouco calorento, com
nuvens ameaçadoras de escuro, mas com algumas abertas entre as mesmas,
decidimos sair cedo para fazermos um passeio pedestre visitando a Ponte Filipina construída em 1610 e que até 1954 foi a única ligação entre Pedrógão
Pequeno e Pedrógão Grande.
Eis que o tempo ameaçador se
tornou realidade com a presença de aguaceiros frequentes o que nos levou a
repensar o passeio.
Após uma visita curta ao pontão
da Barragem do Cabril, com alguma ataxia provocada pela visão dos 136
metros de altura, fomos visitar a ilha que se consegue atualmente contornar de
carro. Parámos na mesma para vislumbrar a magnifica paisagem que a mesma nos
permite, nomeadamente a beleza das margens evidenciando a imponência nos seus
limites.
Aí se decidiu pelo passeio
alternativo. Passámos ao lado do restaurante Lago Verde, regressámos a Pedrogão
Pequeno e iniciámos uma rota que não conhecíamos, pelo que fomos para uma
aventura diferente.
E tão diferente que foi que
através de estradas “terciárias” (só não eram de terra batida), andámos
perdidos entre Roqueiro e Arrochela. Pedimos ajuda a uma senhora idosa e qual
não foi o nosso espanto que com grande clareza e mesmo iniciativa trilhou-nos o
caminho a percorrer e com tanta clareza que nem o nosso GPS conseguiu fazer
melhor (aliás foi um instrumento nesta altura desconcertante pois até para
dentro da barragem nos queria indicar, talvez caminho subterrâneo a relembrar o
túnel da Mancha…).
Imagens magnificas e inesquecíveis
sobre o rio Zêzere, na visualização dos seus contornos e curvas, a sua
coloração verde azulada, margens delicadas, mas ainda selvagens, felizmente com
um caudal que mais o ostentava.
Passámos Madeirã e em algures, perdido no campo, numa pequena aldeia que mais parecia um monte, numa pequena
tasca fomos agraciados com uma sandes de bom presunto acompanhado de vinho caseiro,
que complementou as nossas forças para continuarmos a nossa etapa em direção à aldeia de xisto denominada Álvaro.
Terra que não destoa desta lânguida
e serpenteante viagem, sita num alto, onde se observa uma paisagem magistral
envolvente. Povoação com ligações antigas a várias ordens religiosas que ainda
hoje marcam a sua presença com a arte sacra, a pintura, nas suas capelas e a sua Igreja principal.
Regressámos felizes por um passeio de uma beleza redundante, desde o rio à natureza envolvente, impregnada de árvores, algumas
de dimensão impressionante, que mais pareciam ser sombras “espirituais” na
envolvência da água.
Toda uma paisagem colorida, reluzente,
digna de uma zona algo virgem e natural;
Ainda não tinham aparecido os fogos mortíferos
que transformaram esta zona num negro atroz, cruel e desapiedado!